De repente a mulher começa a sentir um desconforto na região do baixo ventre, mas que não parece ser nada demais. Às vezes também sente um incômodo durante a relação sexual que ela não sabe direito de onde vem. Também percebe que nem sempre a bexiga aguenta esperar que ela chegue ao banheiro. Então, ela coloca a culpa na idade, ou na gestação pela qual passou e acha que é assim mesmo.
O que ela não sabe é que esses são distúrbios causados pelo enfraquecimento do assoalho pélvico, e que existem exercícios capazes de fortalecer, prevenir, amenizar ou mesmo sanar tais questões.
A verdade é que muitas mulheres não conhecem bem os próprios corpos.
Se olhar, se tocar, conhecer seus ossos e músculos da região genital ainda são tabus. Mas a falta de intimidade com o próprio corpo tira da mulher a oportunidade de cuidar bem dele. O assoalho pélvico sofre muito por isso. E esta falta de consciência da região pélvica é também reflexo de uma falta de consciência corporal mais ampla que existe em nossa sociedade.
Mas afinal, o que é o assoalho pélvico e como ele funciona?
O assoalho pélvico é um conjunto de músculos e ligamentos que formam uma trama parecida com o número oito e sustentam os órgãos abdominais e pélvicos. Ele tem este nome por se localizar abaixo desses órgãos, formando uma base, ou “piso”.
Por essa estrutura passam – ou nela se sustentam: a uretra (canal por onde sai a urina), a bexiga, a vagina, o útero, o intestino, o reto e o ânus, e, portanto, ela impacta a função urinária, sexual e intestinal. Por causa dela, conseguimos controlar a saída da urina e das fezes, dentre outras atividades.
Só que para amparar todo este sistema o assoalho pélvico precisa estar tonificado, assim como dependemos da força dos músculos do braço para carregar um peso, por exemplo.
Com o avanço da idade, o peso da gestação, ou após um parto com episiotomia (corte na região do períneo para a saída do bebê), maior é o esforço necessário para manter o tônus do assoalho pélvico. Quando esses músculos não são trabalhados eles tendem a relaxar e perdem eficiência, tendo como consequências mais comuns a incontinência urinária, constipação intestinal e disfunções sexuais.
A boa notícia é que ativar e fortalecer o assoalho pélvico é mais simples do que se imagina, com exercícios específicos. Alguns deles podem ser feitos a qualquer momento e em qualquer lugar, e o ideal é que sejam feitos regularmente: todos os dias ou sempre que possível.
Alguns exercícios para você começar
Contrações rápidas para aumentar a força dos músculos
Deitada (mais fácil), sentada ou em pé, você vai:
1 – Respirar lenta e profundamente
2 – Contrair os músculos pélvicos (como se estivesse prendendo o xixi e fechando o canal vaginal) com o máximo de força por 2 segundos
3 – Relaxar tudo e descansar por 8 segundos
4 – Repetir o movimento até completar 10 vezes.
Contrações lentas para aumentar a resistência dos músculos
Deitada (mais fácil), sentada ou em pé, você vai:
1 – Respirar lenta e profundamente
2 – Contrair os músculos pélvicos com o máximo de força e segurar a contração por 10 segundos
3 – Relaxar tudo e descansar por 20 segundos
4 – Repetir o movimento até completar 10 vezes.
É possível fazer esses movimentos enquanto trabalha, dirige, assiste televisão, cozinha. O que não pode é deixar de fortalecer o assoalho pélvico.
Além destes exercícios iniciais, existem exercícios mais avançados, que você pode aprender em aulas de pilates ou com uma fisioterapeuta pélvica e reproduzir em casa. Em alguns casos, quando há um distúrbio diagnosticado, é necessário fazer fisioterapia pélvica contando com o suporte de um profissional de fisioterapia especializado e o recurso de aparelhos que auxiliam no diagnóstico e no tratamento.
O cuidado com o assoalho pélvico só traz benefícios, inclusive para melhorar a vida sexual, ajudar na hora do parto e na recuperação do pós-parto.